quinta-feira, 27 de junho de 2013

Indústria da construção civil e prestadores de serviços cobram redução da burocracia


Apontando entraves à construção civil em Porto Alegre, indústrias que fornecem ao setor e prestadores de serviços têm se mobilizado para tentar eliminar parte das barreiras burocráticas.
As reclamações são de demora da prefeitura em aprovar projetos e falta de critério entre fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) para embargar obras.
Cansados de perder negócios em razão das restrições impostas por parte dos auditores da SRTE, um grupo de empresas da serra gaúcha e da Capital tem se mobilizado para buscar esclarecimento sobre o assunto no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em algumas obras em Porto Alegre, auditores passaram a vetar o uso de andaimes e elevadores de carga tracionados a cabos de aço, que, de acordo com fabricantes, seguem os padrões exigidos por norma específica.
– O departamento de normatização do MTE afirma que não há qualquer tipo de proibição em relação ao uso desses equipamentos, porém no Rio Grande do Sul alguns fiscais têm proibido. O que cobramos são critérios mais claros – explica Rodrigo Francisquetti, gerente comercial do grupo Fixar, empresa de Caxias do Sul que fabrica elevadores a cabo.
Fornecedores do setor da construção civil estimam prejuízos com as demoras e restrições para a liberação de novas obras em Porto Alegre. Gerente comercial da Fixar, fabricante de elevadores a cabo, Rodrigo Francisquetti calcula que tenha deixado de faturar R$ 5 milhões nos últimos quatro anos em razão das restrições ao uso de elevadores, causando a demissão de metade de seus funcionários. O gerente também representa um grupo de fabricantes que negocia no Ministério do Trabalho normas mais claras para o uso de equipamentos em obras.
Também com sede em Caxias do Sul, a Tecnipar parou de fabricar esses modelos de elevadores em razão das proibições. O prejuízo com os produtos que estão estocados por falta de compradores chega a R$ 500 mil, calcula Mônica Paraboni, diretora da empresa. A indústria passou a fabricar outros tipos de elevadores, mais caros do que os tracionados a cabo.
– Essa restrição ocorre pontualmente em outros Estados quando são verificados problemas de fabricação ou instalação. Mas no Rio Grande do Sul tomou uma proporção maior, com a exigência de certificações que nem estão disponíveis no país – afirma.
Na edição do último domingo, um jornal mostrou que exigências de fiscais do trabalho, trâmite demorado de projetos na prefeitura e um impasse para a construção de imóveis próximo ao aeroporto podem reduzir a oferta de imóveis na Capital.
Restrições por parte da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) ao uso de alguns equipamentos não são novidades em Porto Alegre.
Em 2008, um embate judicial entre a construtora Melnick e o órgão inibiu o uso por parte de construtoras de gruas nos canteiros de obra. Um auditor havia solicitado que um desses equipamentos fosse desmontado e todos os parafusos fossem testados e certificados.
– Foi a primeira disputa entre a construtora e um fiscal da superintendência regional do trabalho que chegou à Justiça, e depois disso muitas outras começaram a buscar amparo jurídico para embargos – afirma Leandro Melnick, diretor da Melnick Even.
O embate teria criado uma resistência natural dos construtores gaúchos a utilizarem gruas, conforme relatos de empresários do setor. A multinacional americana Manitowoc Cranes, que começará a fabricar guindastes em Passo Fundo em julho, confirma que apenas 20% dos equipamentos serão vendidos no Estado, o restante irá principalmente para compradores do Rio de Janeiro e de São Paulo.
– Uma estratégia será montada para ampliar as vendas em território gaúcho – explica Mauro Nunes da Silva, diretor de operações da fabricante de guindaste.


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