Os trabalhadores da
construção civil de Cuiabá estão mobilizados em estado de greve até que
aconteça a segunda reunião de negociação coletiva com o sindicato patronal,
ainda sem data marcada.
Na tarde desta segunda,
os sindicalistas continuam percorrendo os canteiros de obras distribuindo
panfletos onde criticam a proposta de reajuste salarial de 7%, feita pelo
sindicato patronal (Sinduscon-MT). A panfletagem começou pela manhã e culminou
com um ato em frente à obra da Arena Pantanal.
Os trabalhadores pedem o
mínimo de 17% de reajuste e lutam pela criação de um piso salarial nacional a
fim de equiparar a defasagem média de 53% em relação aos pisos pagos em Estados
como Rio de Janeiro e São Paulo.
O presidente do Sindicato
dos Trabalhadores na Construção Civil de Cuiabá e Municípios (SINTRAICCCM),
Joaquim Santana, enfatiza que não está descartada a possibilidade de greve,
caso o sindicato patronal não apresente outra proposta. “O Sinduscon tem
espalhado para a sociedade que os trabalhadores estão ganhando três, quatro,
cinco mil reais por mês, mas só 1% da categoria recebe isso. A maioria é
contratada por terceirizadas, que só pagam o piso. Ou seja, com todos os
descontos e encargos, há trabalhadores que levam para casa menos que um salário
mínimo”, reclama ele.
A falta de controle sobre as
terceirizações nas obras é um dos fatores que piora a situação vivida pelos
operários da construção, segundo o sindicato, pois precariza as condições de
trabalho e dificulta a fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista.
A entidade representa
aproximadamente 30 mil trabalhadores em Cuiabá e Baixada Cuiabana. Atualmente,
o maior piso pago em Cuiabá é de R$ 1.003,20 para profissionais e R$ 743,60
para serventes e ajudantes.
Um servente que não quis se
identificar, empregado de uma empreiteira que presta serviço para a obra da
Arena Pantanal, reclamou que recebe R$ 620,00 líquido após os descontos, valor
inferior ao do salário mínimo. E enfatizou a falta de outros benefícios. “A
empreiteira não dá cesta básica, não tem plano de saúde e atrasou meu vale
transporte”.
O plano de saúde é uma das
pautas de reivindicação do movimento. O mau atendimento em saúde é outra
reclamação dos trabalhadores. “Aqui tem gente que trabalha doente e quando tem
consulta precisa ir ao posto de saúde, onde o atendimento é péssimo, como a
gente sabe”, disse um montador que se identificou apenas como J.A., natural do
Maranhão, e que está em Cuiabá há um mês e 15 dias.
“Esse é um momento
importante na construção civil, quando temos que nos unir para mostrar nossa
força e lutar para ter nossa parte em todo este dinheiro que está vindo para a
Copa. Nós fazemos parte deste time, somos nós que construímos as grandes
obras”, disse o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de
Mato Grosso (FETIEMT), Ronei de Lima, que está mobilizando os operários junto
com o sindicato. Lima classificou como “desrespeitosa” a proposta patronal, mas
ressaltou a intenção de manter o diálogo.
A mobilização está sendo
apoiada pela Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST). O vice-presidente
do SINTRAICCCM, Elias Henrique, e o secretário da entidade, Anoar Feitosa,
também estão presentes na mobilização nos canteiros.
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